Estou num momento da minha vida em que este contato, mesmo virtual, se tornou fundamental... meus dias que antes eram corridos, quase que vividos como um "ato reflexo", se tornaram dias caseiros, com tempo de sobra para um outro ritmo de "ser" . Confesso pra voces, que passados os primeiros meses onde tinha que ficar só praticamente deitada por causa das dores na coluna (isso há quase 4 anos atrás) tive um tempo "perdido"onde não sabia como me situar dentro do meu novo "modo de viver". Na verdade, mesmo passado este tempo todo e graças a Deus não sentir mais dores, às vezes me perco dentro das possibilidades que tenho de como viver o meu dia. E pode parecer um contrasenso, ,mas é nesse momento que a gente se pega disperdiçando muitas horas e oportunidades... tipo, o tempo parece tanto, que dá pra deixar pra depois!
Nào, não dá pra deixar pra depois. Hoje li sobre isto no blog Palavras de Osho, e parei mais uma vez para pensar no que estava fazendo do meu dia... Ando estas últimas semanas muito incomodada com problemas nos dentes, decorrentes do tempo prolongado da quimioterapia... meu sono também já não tem a mesma qualidade faz tempo... acordo muitas vezes e há noites, como a passada, em que praticamente não durmo. Claro, o dia não pode ser de qualidade, cansada, sem ânimo, mas percebo nitidamente que essas limitações podem ser reforçadas ou reduzidas em função do meu movimento interno diante delas, na dependência do "tempo"que eu literalmente desperdiço pensando no meu mal-estar, no meu dente que incomoda muito, na noite que não dormi (aí vem sempre aquela paranóia: será que vou conseguir dormir hoje?),no meu cansaço ( já tem nova quimio daqui a uma semana!!!). Sim, eu sei que tudo isso está comigo, que a quimio é uma realidade que não dá pra eu simplesmente dizer "Hoje não dá", mas se busco um desvio de atenção para algo que me dê prazer, como estar aqui conversando com vocês, automaticamente todos estes motivos pra eu me recolher no desânimo, vão ficando num segundo plano dentro de mim, perdendo força até que me percebo muito maior do que todas estas sensações limitantes.
É esta experiência eu precisava compartilhar com vocês.
Não há nenhuma novidade nela, mas tantas vezes nos vemos apenas "teóricos" na arte de viver, não é assim?
Eu precisei buscar lá no fundo do meu baú interior, a força, o desejo de não me deixar dominar por esta quase paralisia mental, e ao menos tentar mudar a minha vibração... É um exercício pessoal, que todos devemos fazer sempre que necessário. É um exercício de superação que nunca devemos dizer de antemão: "Eu não consigo" .
Tentar sempre, quantas vezes forem necessárias, vivendo um dia de cada vez, agarrando de todo o coração todas as oportunidades, as vezes únicas, que a vida nos oferece para vivermos o mais plenamente possível as nossas histórias. E experiência não se transfere, mas se adquire pelo estar de peito aberto para esta desafiadora, muita das vezes dolorosa (mas nem por isso menos maravilhosa), arte que é VIVER!
Beijo em seus corações. Obrigada pela companhia, Claudia