segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A IDADE E A MUDANÇA - LYA LUFT



Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.



Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.


E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.


Foi um momento inesquecível...


A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.


Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'


Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.


Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.


Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.


A fonte da juventude chama-se "mudança".


De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.


A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.


Mudança, o que vem a ser tal coisa?


Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.


Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.


Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.


Rejuvenesceu.


Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.


Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.


Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.


Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.


Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.


Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho...


Lya Luft

*Fonte: Recebi por e-mail de minha querida amiga Carmen Monteiro. Visitem o seu maravilhoso blog http://www.lentasrapidasluzes.blogspot.com/  

Um comentário:

  1. olá Claudia,
    faz precisamente 15 dias que fiz a minha cirugia e apesar de ser um processo doloroso. estou recuperando muito bem e valeu a pena o sacrificio, pois fururamente irei ter mais qualidade de vida.
    um abraço para si,
    adorei o post...

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