quinta-feira, 28 de maio de 2009

ATRITE-SE - Por Roberto Crema


ATRITOS

Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?
As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.

À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás,
vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas
extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvidas,
com suas ações e palavras
me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas.
Faz parte...
Reveses momentâneos
servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida
como grandes pedras,
cheia de excessos.

Os seres de grande valor,
percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de Deus,
é que finalmente nos torna
mos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, Deus fez a cada um de nós
com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade,
a de amar...
Mas temos que aprender como.
Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar
Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.
Ora, esse sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado.
Roberto Crema
Nota: Roberto Crema é psicólogo e antropólogo, criador do enfoque da síntese transacional, consultor em abordagem transdisciplinar holística e ecologia do Ser.

terça-feira, 26 de maio de 2009

FRASES QUE ALIMENTAM A NOSSA ALMA


"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!!!"
Mário Quintana

"Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito; mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito; mas não há os que não deixam nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso."
(Antoine De Saint-Exupery)

"O homem é do tamanho do seu sonho." (Fernando Pessoa)

"Não é preciso entrar para a história para fazer um mundo
melhor." (Gandhi)

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome."
(Gandhi)

"A primeira lei da natureza é a tolerância - já que temos todos uma porção de erros e fraquezas."
(Voltaire)

"Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você."
(Shakeaspere)

"Nenhum vento sopra a favor, de quem não sabe para onde ir."
(Sêneca)

"Adote o ritmo da natureza: o segredo dela é a paciência."
(Emerson)

"Explora-te por dentro. É dentro que está a fonte do bem e ela pode jorrar sempre, se a explorares sempre."
(Marco Aurélio)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A MASSACRANTE FELICIDADE DOS OUTROS - por Martha Medeiros


A massacrante felicidade dos outros...

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.

Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: 'Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento' .

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar uma valsa pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados pra consumo externo.

Todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, abastados, sedutores, social e filosoficamente corretos. Parece que ninguém, nenhum deles, nunca levou porrada. Parece que todos têm sido campeões em tudo'. Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Será bom só sair de casa com alguém todo tempo na sua cola a título de segurança? Estarão mesmo todas essas pessoas realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está em casa, lendo, desenhando, ouvindo música, vendo seu time jogar, escrevendo, tomando seu uisquinho?

Tenha certeza que as melhores festas acontecem sempre dentro do nosso próprio apartamento.

(Martha Medeiros, gaúcha, 44 anos, Jornalista e Poeta)

domingo, 17 de maio de 2009

SE NÃO QUISER ADOECER...


SE NÃO QUISER ADOECER

Dr. Drauzio Varela


Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados.O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia..


Se não quiser adoecer - "Tome decisão"

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.


Se não quiser adoecer - "Busque soluções"

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.


Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.


Se não quiser adoecer - "Aceite-se"

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


Se não quiser adoecer - "Confie"

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.


Se não quiser adoecer - "Não viva SEMPRE triste!"

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive."O bom humor nos salva das mãos do doutor".

Alegria é saúde e terapia.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DECLARO-ME VIVO !


Declaro-me vivo!
Chamalú Indio Quechua

Saboreio cada momento.
Antigamente me preocupava quando os outros falavam mal de mim. Então fazia o que os outros queriam, e a minha consciência me censurava. Entretanto, apesar do meu esforço para ser bem educado, alguém sempre me difamava. ¡Como agradeço a essas pessoas, que me ensinaram que a vida é apenas um cenário! Desse momento em diante, atrevo-me a ser como sou.

A árvore anciã me ensinou que somos todos iguais. Sou guerreiro: a minha espada é o amor, o meu escudo é o humor, o meu espaço é a coerência, o meu texto é a liberdade.

Perdoem-me, se a minha felicidade é insuportável, mas não escolhi o bom senso comum. Prefiro a imaginação dos indios, que tem embutida a inocência. É possível que tenhamos que ser apenas humanos.

Sem Amor nada tem sentido, sem Amor estamos perdidos, sem Amor corremos de novo o risco de estarmos caminhando de costas para a luz.
Por esta razão é muito importante que apenas o Amor inspire as nossas ações.
Anseio que descubras a mensagem por detrás das palavras; não sou um sábio, sou apenas um ser apaixonado pela vida.

A melhor forma de despertar é deixando de questionar se nossas ações incomodam aqueles que dormem ao nosso lado. A chegada não importa, o caminho e a meta são a mesma coisa. Não precisamos correr para algum lugar, apenas dar cada passo com plena consciência.
Quando somos maiores que aquilo que fazemos, nada pode nos desequilibrar. Porém, quando permitimos que as coisas sejam maiores do que nós, o nosso desequilíbrio está garantido.
É possível que sejemos apenas água fluindo; o caminho terá que ser feito por nós.
Porém, não permitas que o leito escravize o rio, ou então, em vez de um caminho, terás um cárcere.
Amo a minha loucura que me vacina contra a estupidez. Amo o amor que me imuniza contra a infelicidade que prolifera, infectando almas e atrofiando corações.

As pessoas estão tão acostumadas com a infelicidade, que a sensação de felicidade lhes parece estranha.

As pessoas estão tão reprimidas, que a ternura espontânea as incomoda, e o amor lhes inspira desconfiança.

A vida é um cântico à beleza, uma chamada à transparência. Peço-lhes perdão, mas….

DECLARO-ME VIVO!

Chamalú. Indio Quechua


Nota: Texto enviado por minha querida amiga Carmen Monteiro, que recebeu por e-mail sem referências à fonte do texto.

domingo, 10 de maio de 2009

"O MUNDO NÃO É MATERNAL " - MARTHA MEDEIROS


É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.


Quando se é adolescente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo.

Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfaõs de tudo, já que o mundolá fora não é nem um pouco maternal conosco.


O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome.Não liga se viramos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos.


O mundo quer defender o seu, não o nosso.

O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por 20 anos.

O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenhaboa aparência, e estoure o cartão de crédito.

Mãe também quer que a gente tenha boa aparência mas está mais preocupada com o nosso banho,com o nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna.

Não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.

O mundo nos olha superficialmente.

Não consegue enxergar através.Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso batimento.


O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio,como se fôssemos objetos de decoração do planeta.


O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece umpedaço de bolo feito em casa.


O mundo quer nosso voto mas não quer atender nossas necessidades.O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui.


O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir.

O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução,mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foiduro arranjar o primeiro emprego.


Para o mundo, quem menos corre, voa.

"Quem não se comunica se trumbica.

"Quem com ferro fere, com ferro será ferido."


O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas..


.Mãe é de outro mundo.

É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática,chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção.

Mãe sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades,enquanto o mundo propriamente dito, exige eficiência máxima, seleciona os mais bemdotados e cobra caro pelo seu tempo.

Mãe é de graça!!!


Texto de Martha Medeiros, que ofereço hoje a todas as Mães !!!


Ah, se o mundo fosse maternal !!!

terça-feira, 5 de maio de 2009

E continuamos aprendendo com Shakespeare...


Eu aprendi,
que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha;

que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;

que ser gentil é mais importante do que estar certo;

que nunca se deve negar um presente a uma criança;

que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;

que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;

que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;

que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;

que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;

que dinheiro não compra "classe";

que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;

que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa ?

que ignorar os fatos não os altera;

que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

que a maneira mais facil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu;

que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;

que ninguem é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engolí-las;

que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;

que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

que só se deve dar conselho em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;

E aprendi,

Que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

William Shakespeare
* Fonte: Internet

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Voltando aos poucos...


Voltando aos poucos dos mergulhos, às vêzes inevitáveis, ao que costumamos chamar de "Fundo do Poço" ... percebo que no entanto, a profundidade deste poço varia sempre, em função do momento emocional, interno, em que os problemas nos alcançam - ou no momento em que nós alcançamos os problemas, não é mesmo?

Passei alguns dias em paisagens lindas, que me levaram às minhas origens mais remotas, onde meu querido pai nasceu - ele completaria neste abril passado, 96 anos de uma bela vida, onde nos deu o exemplo de como diginficar tudo o que se vive, em suas várias fases, em todas as suas estações.

Voltei destes dias, passados em meio aos ares medievais, quase que direto para um novo ciclo de quimioterapia, que havia sido atrasado para que eu pudesse passear sem riscos.

Parece que aquelas 2 semanas a mais de descnso, fizeram meu corpo se lembrar do ânimo de sair, andar sem aquele cansaço habitual, acordar só pensando no dia cheio de prazeres que se tem a desfrutar, e havia esquecido das sensações provocadas pelo choque de medicações, onde parece, que aquele estado de sei lá o que - é indescritível a prostração que se sente - não vai acabar nunca... e pra completar, uma mudança de casa, meio que no tranco, sem poder parar pra pensar muito, exige que você busque aquele restinho de energia que nem você mesmo sabia que tinha, que você peça socorro a quem pode dar uma forcinha (literalmente) e simplesmente continue em frente, porque atrás vem um montão de outras coisas que precisam também ser resolvidas, e nem sempre esperam que você tome aquele folegozinho que faz toda a diferença.

Pode parecer que estou muito reclamona, mas não é hoje este meu astral não. São constatações de que, apesar de tuo isso, a vida segue o seu curso...os dias continuam se alternado às noites, a Luz, à escuridão, e assim também vai acontecendo com a gente.

Um dos efeitos da quimioterapia prolongada que vem me incomodando mais são as alterações na visão.

Estou com catarata nos 2 olhos e após a quimio mais "forte", meu olho direito, que vem segurando bem a situação, piora a tal ponto que eu não consigo ler uma palavras sequer. Mesmo meu computador já adaptado à fotossensibilidade exacerbada, não está mais dando conta nesses dias, o que me impossibilita de entrar em meus e-mails, nos blogs, etc. Desta vez está durando mais que o habitual para melhorar, e hoje pela 1a vez estou conseguindo estar aqui com vocês, também por este motivo, depois de 1 semana.

Mas como cantava Cazuza, o poeta, "a Vida não pára" , e não pára mesmo para esperar que decisamos viver todos os dias, mesmo aqueles que "a gente se sente como quem partiu ou morreu", da melhor forma possível.

Estou vivendo uma situação que nunca esperei viver:
depois de 22 anos, volto, agora com meus 2 filhos, para a casa de meus pais, onde nasci e vivi até meus 28 anos.

Estou escrevendo neste instante do "meu" quarto de 22 anos atrás, agora acompanhada dos meus 2 "rapazes", que dividem o outro quarto, que também dividi com minhas irmãs na infância e adolescência.

Minha mãe está idosa e doente do corpo e da alma, principalmente depois que meu pai voltou para o plano da Luz, há 5 meses e meio, depois de um casamento feliz, daqueles que pouco ainda temos notícias, de 62 anos.

A vida fez um inesperado movimento, e me trouxe de volta para cá.

Estou aprendendo a não contestar certas decisões da vida, aquelas que simplesmente não há outra opção, é o único caminho naquele momento.

Ela, a Vida, sabe com certeza as suas razões, que talvez hoje eu ainda não consiga compreender muito bem. Mas aceito e tento dar o meu melhor, apesar de às vêzes me sentir totalmente capenga pelo caminho.

O que era para ser uma "volta aos poucos" acabou se tornando um longo diálogo da minha alma com cada a de vocês.

Muito, muito boa esta sensação.

Um carinhoso abraço e um ótimo final de semana!

Claudia